sábado, 25 de fevereiro de 2012

Tempo oportuno para viajar - Cinco janelas abertas para a Comunhão

Eis-nos aqui, diante de uma oportunidade única, a de iniciar uma viagem inédita. Talvez já tentada por cada um noutras alturas, mas agora com um novo propósito e bem mais esclarecidos nas intenções que nos movem. A vigem proposta por nós nada tem de passeios excêntricos ou de paraísos terrenos que só acrescentam frustração ao regressarmos ao comum do dia-a-dia. Claro que propomos uma aventura inédita, mesmo única, onde precisamos de toda a disponibilidade para partir e regressar na diferença de uma vida transformada, melhor, encontrada e encontrada na felicidade e na comunhão com aquele que sabemos que nos ama. Haverá maior alegria do que se saber amado? Haverá maior confiança para arriscar a vida quando se sabe que é amado? Haverá maior desejo de viver quando se sabe que se é amado por um amor que arriscou tudo por nós?

A viagem que vos propomos é um voltar às origens e estas estão bem antes do nosso nascimento. As nossas origens não são uma questão do tempo contado pelos relógios, tão certeiro no seu contar e tão falho no dizer-nos o sentido último da nossa existência. É aqui que se define a nossa felicidade, se vivermos contemplando sempre o sentido último da nossa existência, estaremos em comunhão sempre com Deus. Assim sendo esta viagem depois de iniciada nunca mais termina, é um viver aqui no presente, no já, a partir do último do nosso existir, n’Aquele que nos chamou à vida, pelo Qual todos vivem e para Quem todos se dirigem.

Antes de tudo, mesmo antes dos nossos pais, está o amor de Deus, ou seja, o próprio Deus. Ele é o princípio e o fim. Viajar até ao princípio é encontrar o fim, por isso, nesta Quaresma queremos viajar em direcção ao princípio, à origem, ao amor, até Deus. Para que seja possível esta viagem damo-vos um bilhete, mas não temos comboio para embarcar, cada um e só cada um poderá fazer esta viagem, pois cada um e só cada um fará a sua vida ser vivida no amor, em Cristo Jesus, na comunhão com aquele que gerou para a comunhão de vida.

Jesus entregou-se para a nossa salvação. Jesus é o princípio e o fim. Ele será a nossa viagem do princípio até ao fim. Ele será a nossa aventura e é preciso gente destemida, cheia de garra, capaz de arriscar tudo para aceitar o bilhete que abre as cinco janelas que nos poderão conceder a comunhão com Aquele que nos dá a felicidade. A ventura do homem é ver a Deus e, em Jesus Cristo, Deus deu-se todo, revelou‑se, mostrou a meta da viagem de cada homem e esta é uma só, a comunhão de Vida com Ele. Só em Jesus é possível a comunhão e Ele é o nosso companheiro de viagem, Ele é o bilhete que podemos usar para abrir as janelas que nos fazem ver claro o que no dia-a-dia parece escuro. N’Ele vemos hoje o amanhã, por isso caminhamos com confiança, entregamo-nos, acreditamos e a nossa vida transforma-se, faz-se uma viagem, entre os percalços de cada dia, cheia de sentido, cheia de Deus. N’Ele tudo é além do calculado e imaginado, tudo é desafio em que o amor sairá vencedor.

A nossa proposta é uma viagem às origens, à relação mais verdadeira, à amizade com Aquele que sabemos que é fiel. Entregamos-te semana após semana o bilhete que abre as cinco janelas da contemplação do amor sem fim de Deus, que é o fim de tudo o que existe. Mesmo depois de todos os nossos pecados, Deus continua a acreditar em nós, concedendo-nos o perdão em Jesus Cristo. Deus abre em nós o desejo de comunhão e em tudo o que experimentamos solidão é porque não foi para Ele que orientamos a aventura de ser Pessoa humana. Em Deus não há solidão e só está que não está em Deus.

É verdade que por vezes sofremos a nostalgia de infância e sonhamos com o voltar a trás do tempo. Quando éramos crianças as amizades eram bem mais fáceis, recordamo-nos porque o obturador do tempo não capta as brigas, rivalidade e desentendimentos. É verdade que uma boa parte dessas amizades estão perdidas. Outras vezes alimentamos ilusões, pensando que o futuro trará uma humanidade melhor e não passamos disso mesmo, das ilusões ou então de espectadores de um recrudescimento da violência sem nada arriscarmos. Da doença da nostalgia e afogados em ilusões, passamos a sofrer da depressão e esta faz-se bem real.

A nossa proposta é que façamos uma viagem ao mais real do desejo de cada pessoa, uma grande amizade, a amizade verdadeira e que verdadeiramente nos realiza. Apenas precisamos de aprender a saborear a vida, a escutar com o coração, a tocar com amor, receber o perfume da presença de Deus e ver bem mais fundo, a ver com o coração a realidade.

O essencial como bagagem, não levemos mais nada, apenas o essencial e isso somos nós, tudo o resto é peso que nos impede de andar ligeiros ou nos escraviza e esmaga. É de uma amizade que se trata a nossa viagem, a amizade primeira, a única que faz verdadeira todas as outras. Não precisamos das coisas e se nos rodeamos de muitas coisas é porque ainda não estamos disponíveis para uma amizade verdadeira, para viajar para o essencial, a comunhão.

Desejas participar nesta viagem?

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